DP 127 anos
Pelo chão: concluir e manter
As BRs 116 e 392 são fundamentais para o escoamento da produção no Rio Grande do Sul
Carlos Queiroz -
Artérias que ligam o Centro do Estado e a região Metropolitana de Porto Alegre até o mais importante porto gaúcho. Estas são as BRs 116 e 392, principais caminhos usados para transportar a economia da Zona Sul. Delas depende praticamente toda a atividade regional. Da produção industrial ao turismo, passando pela exportação de grãos como a soja e o arroz. Para se ter uma ideia, por mês circulam em média de 385 mil veículos entre Porto Alegre e Pelotas. Já no trajeto até Rio Grande passam cerca de 350 mil pela praça de pedágio. Praticamente metade desse fluxo (44%) é de transportes comerciais, especialmente caminhões.
Apesar disso, sucessivos problemas políticos e econômicos têm atravessado o caminho e postergado a conclusão das duplicações das rodovias. Embora praticamente pronta, a BR-392 tem pendências. Para ter 100% do projeto inicial executado falta ainda a segunda pista no quarto e último lote, entre o acesso ao Porto de Rio Grande (quilômetro zero) e o trevo da Termasa (quilômetro 8,8). Já a situação da BR-116 entre Pelotas e Guaíba é mais preocupante. Com quase três anos de atraso, a estrada une insegurança aos motoristas e prejuízos à economia.
Segundo projeção feita pelo doutor em Transportes do Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (Labtrans/UFSC) e professor da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), engenheiro Heitor Vieira, a cada ano de atraso na construção de uma rodovia como a BR-116, o prejuízo para os cofres públicos é de 20% do valor total do empreendimento. Com orçamento de R$ 1,2 bilhão e acumulando 34 meses além do previsto para entrega, o cálculo atual de perdas já chegaria a R$ 680 milhões.
“A BR-116 é o principal problema logístico de toda a Zona Sul e a explicação é simples: dependemos muito dela, pois 80% de tudo o que circula pela nossa economia chega de caminhão”, aponta o economista Erli Soares Massaú. Coordenador técnico do Plano Estratégico 2015-2030 elaborado pelo Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Sul (Corede-Sul) que será lançado em setembro, ele afirma que a infraestrutura de transportes terrestres é “de razoável a boa”. O único porém está na malha ferroviária antiga. A principal carência continua sendo a ligação até Porto Alegre, que chegou a fazer parte do planejamento estratégico lançado pelo governo do Estado em 2006 - chamado de Rumos 2015 - visando ter a estrada de ferro de 254 quilômetros. O projeto, que à época era estimado em R$ 600 milhões, não saiu do papel. “Poderíamos ter uma ligação com Porto Alegre? Sim. Mas já que não temos, o mais importante é uma integração entre modais. Se isso ocorresse, teríamos uma estrutura ainda melhor, invejável.”
Mestre em Infraestrutura de Transportes, Cristiane Schmitz concorda e afirma que a ligação rodoviária entre o Sul e a capital é o grande gargalo. “Estamos em um bom caminho do ponto de vista da nossa infraestrutura. A questão passa mais por finalizar o que foi iniciado. Esse é o gargalo, pois há algum tempo a BR-116 chegou ao limite”, argumenta.
Mas e na zona rural? A engenheira concorda que os milhares de quilômetros de caminhos entre o que é produzido no campo e as rodovias têm uma série de problemas. Mas discorda da ideia de que a solução é a pavimentação asfáltica. “Mais importante do que isso é manter a via em boas condições, com boa drenagem. Uma estrada não pavimentada também pode funcionar muito bem para escoar a produção”, diz Cristiane.
-126687Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário